CONVERSANDO COM UM CADÁVER... (POR DENIS MENDONÇA)
CAPÍTULO I
O cenário é a cidade de São Paulo, com sua
arquitetura urbana recheada de prédios, casas, ruas, avenidas,
viadutos, becos, lixo, poluição e violência...
A chuva se abate pelo concreto frio dos prédios, numa dança
alucinante de trovões, relâmpagos e ventania...
Há nela todo tipo de pessoas, toda raça, todo credo, bons, maus e
loucos convivem nesta paranóica cidade.
Mas de todas as pessoas que nela vivem, destaquemos uma em especial,
um garoto, com seus 15 anos de idade, estatura mediana de 1,60m,
magro, cabelos pretos e cumpridos abaixo da orelha, olhos grandes,
pretos, estudante da 8ª Série, chamado Bernardo Gusmão.
Bernardo é um garoto complicado, tem muitos problemas, tanto
internamente como externamente, sua única fuga é o cemitério...
que fica próximo à sua casa. Pois é lá que seu irmão Bartolomeu
Gusmão, um soldado do Exército Brasileiro, morto na Guerra do Golfo
Pérsico, está sepultado.
E à sombra de sua lápide, o garoto Bernardo, conta seus problemas,
esperando por um auxílio que nunca virá... Mas mesmo assim, todos
os dias depois da aula, ele leva flores ao seu túmulo.
Bernardo, perdeu seu pai dois anos após seu nascimento, seu irmão,
que era uma fonte de inspiração, também faleceu e Bernardo só
tinha 13 anos.
A mãe de Bernardo, Dona Rosa, uma viúva de 36 anos de idade, pois
casara-se muito cedo, após a morte de seu marido e do seu filho mais
velho, encontrara Devair, um caminhoneiro, moreno, alto, galanteador
e cafajeste e foi aí que os problemas começaram.